Há alguns anos, a pedido de uma amiga que está morando na Itália, fui ciceronear um amigo seu francês. Ela me mandou uma foto e o que vi, era de tal perfeição que mais parecia uma pintura. Seus traços eram finos e delicados, a pele era muito branca, os cabelos aloirados tinham tons de cobre, os olhos claros refletiam o azul do mar e esse contexto me remetia imediatamente aos príncipes dos contos de fadas da Disney.
De início, não pude deixar de pensar se ele seria grosseiro e mal cheiroso mas, guardei minhas impressões para o encontro. Fui buscá-lo na hora combinada para fazermos algum programa de fim de tarde e não fiquei surpresa ao encontrá-lo de bermuda e chinelos. Hum, hum. Não combinava muito com o "todo", mas lá fomos nós para um restaurante a beira mar com uma vista encantadora da Baía de Todos os Santos.
Não precisei me esforçar muito no diálogo porque ele falava um portunhol de fácil entendimento e a conversa durou horas. Ele não era grosseiro, nem mal cheiroso. Era delicado, inteligente e exalava cheiro de...leite. O que parecia combinar perfeitamente com a cor da sua pele. Mas, convenhamos que alguém exalar um cheiro desses é realmente espantoso, até para alguém que estava preparada para qualquer tipo de odor - característico da fama francesa.
Descobri que o rapaz com aspecto de príncipe tinha realmente sangue azul correndo nas veias. E que, além de ser de família nobre, ele levantava bandeiras sociais importantes pelo mundo, tinha uma ONG no Brasil e havia sido deportado de Cuba. Um príncipe meio às avessas, mas muito mais real que nos contos de fadas.
Nesse momento pensei que é uma pena criarmos estereótipos a respeito de um tipo físico que nos agrada e fiquei um pouco desapontada comigo ao perceber que ele não se encaixava em nada no meu. Não houve "raport", simples assim.
Espero a vida toda pelo príncipe encantado e quando aparece, simplesmente não se encaixa no meu tipo físico!?! Ô vida difícil, viu?
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Carinho amigo