A cicerone - parte 2

Essa história de ciceronear gente de fora me lembrou uma outra, quando minha amiga Lú estava na Espanha fazendo mestrado com o marido. Ela me mandou um e-mail perguntando se eu poderia mostrar alguns lugares da cidade à uns amigos da faculdade deles que passariam uma semana aqui em Salvador. Na verdade não estava muito disposta porque estava trabalhando muito e não teria tempo para dar assistência. Quando eles ligavam eu sempre acabava postergando até que descobri numa ligação que era o último dia deles aqui. Ai que susto. Era uma quinta-feira e fui de uma reunião que acabara às 19h, encontrá-los no bar do Café Cancun que na época estava em franca decadência. Mas como eles já estavam lá e eu não conseguiria mais mostrar nenhum lugar legal da cidade, resolvi passar para não ser deselegante.

Quando cheguei, cumprimentei os 5, pedi um sorvete e começamos uma conversa leve e descontraída. Vale ressaltar que não eram 5 pessoas muito normais. O mais extravagante de todos, era um que parecia um "filhote" de uma emo com um punk. Por várias vezes durante a conversa, me peguei analisando seu rosto pintado e seus lábios brilhantes. Quando achei que não poderia me chocar mais, chegaram duas meninas que não pareciam de família e sentaram-se muito a vontade à mesa. Uma tinha um decote que ia até a barriga, a outra uma saia tão curta e vulgar que pensei de imediato no que eu estava fazendo ali. Eles conheceram ela na noite anterior no Café Canfun...

Observei melhor o cenário e o que vi eram: um sorvete pela metade, 5 gringos, 02 prostituas e eu, que estava com um vestido formal, de sapatos de bico fino e maquiagem discreta. Analisando o contexto, ri sozinha quando percebi que aquilo parecia a cena de um filme onde a cafetina negociava com seus clientes o valor das suas meninas. Ave Maria...Engoli o resto do sorvete e me despedi deles mandando recomendações aos meus amigos, que me colocaram naquela situação constrangedora.

Obs. Amigos, please, não me coloquem mais em enrascada, tá?